nas expectativas e/ou perspectivas

segunda-feira, 16 de julho de 2007

s e n t i r   pelo   s e n t i d o

Já por inúmeras vezes aconteceu pensar ou sentir alguma coisa que já foi sentida ou escrita. Aliás, continuo a achar que tudo o que escreva ou tudo o que venha a sentir já foi escrito ou sentido. Não pelo uso das mesmas palavras, mas pela tentativa de escrever as mesmas situações ou emoções...
Já me revi em livros, em peças de teatro, no cinema, até mesmo a assistir o grande prémio do Porto. Já me revi nos blogs e em situações de outras pessoas...e não!, não me reconheço como um camaleão.

Não falo especificamente daquele acidente ou daquele "aqua-planning", ou daquele peão em que ficamos com os semáforos fotografados no retrovisor...com certeza já todos passamos por situações em que nos tentaram virar ao contrário, e a embalagem resistiu.

Não falo do que construimos, sem dúvida que existe por aí muita criatividade...muita coisa que nos continua a surpreender. Não falo da procura de um pedaço de lógica de algoritmia; não!; nesse campo, quem é da área procura na net...afinal não dizem que está tudo lá?", e na maioria das vezes está mesmo...se não está a solução está o problema! (tolero admitir uma margem pequena que é capaz de não estar, mas sublinho a dúvida).

Afinal todos sabemos o que é a amizade, e todos a sentimos e dá-mos de maneira diferente...afinal já todos amamos, e amamos de maneira diferente ...mas afinal o que está implicito não é igual?, a paz ou o frenesim não são sempre ingredientes que procuramos sentir?...Não é verdade que esses e outros sentimentos evoluem quando os voltamos a sentir?

Ou será mesmo que a ideia que temos;
que nós sentimos maior,
que temos uma rebeldia maior,
que partilhamos mais,
que somos mais companheiros;
não obedece apenas à definicão que dá-mos ao normal?

"Tudo me acontece!", é dito por tanta gente ....Bem, se esse "tudo" acontece; não deve ser único... ou querem ver que essas pessoas me andaram a enganar até hoje? ou estão elas enganadas? Ou será mesmo só a nossa língua que tem estas expressões, e que sem qualquer censura as usamos?

Eu acredito e gosto de pensar que naquela velha casa, que agora está a ruir, já alguém sentiu o que sinto e se calhar até já o escreveu.

E afinal, quem já não sentiu gostar mais de si próprio por ter gostado tanto de um outro alguém?



De José de Almada Negreiros, um poema que sempre me agradou e agrada ler.

"Homem transportando o cadáver de uma mulher!”

Quis-te tanto que gostei de mim!
Tu eras a que não serás sem mim!
Vivias de eu viver em ti
e mataste a vida que te dei
por não seres como eu te queria.
Eu vivia em ti o que em ti eu via.
E aquela que não será sem mim
tu viste-a como eu
e talvez para ti também
a única mulher que eu vi!

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